quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Minha penumbra

Estava em minha vista uma paisagem vazia. Entre mim e o nada, uns quatro metros para cima da porta de vidro. Cortam-me de um canto a outro, os raios que batalham seu lugar no chão da terra adiante. A brutalidade com a qual riscam os céus, rasgando o ar, forjam a penumbra que me habita. Entre um raio e outro, meu rosto. Entre um outro e raio, a escuridão. Entre um outro e luz, meu rosto. Entre uma luz e outra, minha penumbra. Sem esperar, aquele infinito multiplicou-me. Vi-me pasmo ao me ver. Era apenas eu e uma porta à frente do infinito turbulento. E eu me encarava, ao mesmo tempo que via em mim o infinito a que estamos assujeitados. Num piscar de olhos, eu não estava mais lá. Eu agora corria. Eu que agora vê e vejo, sente e sinto o enfrentamento do vento no corpo a diluir-se no infinito, que é o mesmo.

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